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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Morre Sócrates, a principal expressão entre os jogadores da luta contra a ditadura.

Sócrates participa das Diretas Já.
SanSócrates participa com Casagrande, Fernando Henrique Cardoso e Osmar tos (à dir.) do comício por "Eleições Diretas Já", no vale do Anhangabaú, em São Paulo.

Morreu na madrugada de ontem, dia 4, em decorrência de uma infecção intestinal o ex-jogador de futebol Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, o Doutor Sócrates, como sempre foi conhecido pelos torcedores. Esta foi sua terceira internação em poucos meses. Nas vezes anteriores, Sócrates havia sido internado em decorrência de uma cirrose hepática.

Tendo iniciado sua carreira no Botafogo de Ribeirão Preto em 1974, ganhou notoriedade após sua passagem pelo Corinthians entre os anos de 1978 a 1984, tornando-se um dos maiores ídolos da história do clube. Defendeu também a Fiorentina da Itália e as equipes do Flamengo e do Santos. Foi convocado pela seleção brasileira pela primeira vez em 1979 e defendeu o Brasil em duas Copas do Mundo, as de 1982 e 1986.
Dono de um talento raro e consagrado como um dos maiores jogadores da história do futebol nacional e, consequentemente, mundial, Sócrates também ganhou notoriedade por suas posições políticas.


Foi o principal líder da Democracia Corintiana, surgida no início dos anos 1980. Considerado um dos maiores, se não o maior, movimento político da história do futebol nacional, institui no clube paulista um regime onde assuntos como contratações, escalação do time, locais de concentração etc. eram decididos no voto. Uma verdadeira revolução em um sistema marcado pela ditadura da burocracia do futebol, ainda mais por ter surgido durante a ditadura militar.
A atividade política de Sócrates, no entanto, não se restringiu a Democracia Corintiana, tendo ele participação ativamente no movimento pelas “Diretas Já”.
O funcionamento do futebol, como tudo no Brasil, tinha e ainda tem um caráter profundamente reacionário. E esta é uma das razões da importância de sua atuação política. Ele foi a principal expressão individual dentro do futebol de um amplo movimento de massas surgido no Brasil no final dos anos 70 e que se desenvolveu nos anos 80 para derrubar a ditadura militar. Neste sentido, a própria Democracia Corintiana deve ser entendida como parte de um movimento mais amplo que, no terreno do esporte, lutou contra a ditadura.
Passadas quase duas décadas do fim deste movimento, a comparação com a luta travada pelo fim da ditadura no futebol através da Democracia Corintiana com a luta do movimento de massas pelo fim do governo militar deve ser feita com base nos principais fatos políticos nacionais do período.
Embora tenha tido resultados positivos como os campeonatos paulista de 1982 e 1983, além da enorme repercussão em toda a sociedade, o movimento dirigido por Sócrates não consegui atingir todos seus propósitos pelos próprios limites da luta democrática travada no âmbito político nacional, onde os opositores burgueses da direita e pequenos burgueses de esquerda buscaram uma conciliação. Assim como na política nacional não houve uma derrubada completa da ditadura no futebol e, de uma forma geral, a mesma estrutura da época ainda permanece nos dias atuais. O que mostra que a o regime dito democrático de hoje é puramente de superfície, em todos os âmbitos da sociedade.

A crise política do País também tem seus reflexos no futebol atualmente, fato acentuado pela proximidade com a Copa de 2014 que será disputada no País. É preciso seguir o exemplo de luta deste movimento liderado pelo Doutor Sócrates e fazer um balanço desta luta para derrubar a ditadura da burguesia, no futebol e fora dele.
Sócrates, ao lado do presidente Lula, durante partida entre políticos e ex-jogadores na Granja do Torto, em 2005, em Brasília.

O Doutor Sócrates foi um craque no campo e um grande amigo. Foi um exemplo de cidadania, inteligência e consciência política, além de seu imenso talento como profissional do futebol.
A contribuição generosa de Sócrates para o Corinthians, para o futebol e para a sociedade brasileira jamais será esquecida. Neste momento de tristeza, prestamos solidariedade a esposa, familiares e amigos do Doutor". (Luiz Inácio Lula da Silva, Marisa Letícia e familiares)

Fonte: Causa Operária

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