Por
que a cerveja engorda?
As
calorias que coloca no prato são controladas com mão de ferro, mas
você se esquece de computar as que põe no copo?
É
comum: até as mulheres preocupadas em manter as curvas no lugar se
iludem com a ideia de que um chopinho não pega nada. Não é bem
assim: um copo de 300 mililitros tem em média 150 calorias. Não é
muito. Mas, se você não consegue parar no primeiro, nenhuma dieta
vai funcionar contra os pneuzinhos. As festas regadas a cerveja
acontecem com frequência? Então, outro balde de água fria, seu
abdômen tem tudo para ganhar proporções que, definitivamente, não
combinam com blusas coladas, muito menos com o biquíni usado pelas
modelos que aparecem nas propagandas da loira gelada.
Existem poucos estudos avaliando se a cerveja interfere na medida da cintura. Porém, um dos principais – feito por equipes de cinco centros de estudos da Dinamarca – revela que a bebida aumenta, sim, a circunferência do abdômen. Está certo que, para isso, é preciso beber mais de cinco copos todos os dias da semana. É bastante! Mas os brasileiros que bebem chegam perto disso, inclusive as mulheres.
Na balada, o copo virou extensão da mão da moçada – e o número de mulheres mais jovens (entre 18 e 24 anos) que bebe alcançou o de homens da mesma idade, de acordo com um estudo feito em 2007 pela Escola Paulista de Medicina e financiado pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad). Essas garotas bebem até 88% mais que as mulheres mais velhas. E a cerveja é a mais pedida.
A armadilha pode ser dupla: junto com a bebida vem a batata frita! E os petiscos gordurosos também têm culpa no cartório. Faça as contas: dois copos de cerveja mais uma porção (100 gramas) de provolone à milanesa têm cerca de 800 calorias – quase a cota que você tem direito no dia. É melhor estipular um limite: um copo mais uma comidinha leve.
Beber sem comer, nem pensar! É importante você forrar o estômago antes e durante o consumo de álcool. “Do contrário, os efeitos de embriaguez serão muito mais rápidos. E o enjoo no dia seguinte maior”, avisa nutricionista Adriana Kobayashi. Prefira porções com carboidrato, proteína e gordura boa – uma fatia de pão com peito de peru e azeite, por exemplo. Essa combinação diminui a velocidade de absorção da bebida, o que ajuda a preservar suas curvas. “Em alta concentração no sangue, o álcool dispara a produção de insulina – hormônio que, em excesso, estimula o organismo a armazenar gordura”, diz o nutrólogo Alexandre Merheb. O alerta vale especialmente para as mulheres que, com a intenção de emagrecer, bebem para não comer!
Beber
como homem? Nem pensar!
As mulheres são menos resistentes à bebida. É fisiológico: “Por terem
menos água no organismo (52%, ante 61% nos homens), as mulheres
atingem uma taxa de álcool no sangue mais alta num menor intervalo
de tempo”, diz a endocrinologista Gláucia Duarte, da Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Se ainda não estiver convencida a moderar na dose, saiba que o excesso de álcool sobrecarrega o fígado e os rins – esses órgãos deixam de eliminar as toxinas como deveriam. É por isso que, depois de uma noitada movida a cerveja, você tem enjoo e dor de cabeça. Nesse caso, adote a lei seca.
A gente precisa de pelo menos dois dias para conseguir se livrar dos resíduos deixados pela bebida. Do contrário, lá vem mais peso. “Acumulados no organismo, as toxinas do álcool deixam o organismo mais resistente a perder peso e também mais propenso a ganhá-lo”, diz Adriana Kobayashi. Tem mais: “Em excesso, a bebida alcoólica altera o metabolismo do estrogênio – hormônio feminino que, em desequilibro, age da mesma forma que a insulina – contribuindo para os estoques de gordura”, completa Andréia Naves, diretora da VP Consultoria em Nutrição, em São Paulo. É ainda pior nos dias que antecedem a menstruação: dois ou três goles são suficientes para deixá-la alegrinha. Por quê? “Acredita-se que, nessa fase, a sensibilidade ao álcool é maior”, diz Adriana Kachani, nutricionista do Programa de Atendimento à Mulher Dependente de Álcool e Drogas (Promud), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Se beber mais, corre o risco de dar vexame.
Cerveja não é diurético
Cuidado
com a ideia de que a cerveja é diurética e desincha. Você sente
vontade de urinar porque tem necessidade de eliminar a água da
própria bebida – não é o líquido retido no corpo. Na verdade, a
levedura – substância responsável pela fermentação da bebida –
deixa-a estufada. “A levedura dilata o estômago, que chega a
dobrar de tamanho”, afirma a nutricionista Vivian Talarico,
personal diet de São Paulo.
O
efeito é passageiro. Mas, se você não quiser perder a linha nem
por algumas horas, uma opção é trocar a bebida fermentada por uma
caipirinha com adoçante. Essa opção é mais calórica (a de vodca
com açúcar tem 360 calorias ante 192 com adoçante, o copo de 200
mililitros), mas não incha a barriga. Ainda tem a vantagem de
demorar mais para acabar – caipirinha se bebe aos pouquinhos. Quer
fazer render mais? Coloque bastante gelo e intercale com goles de
água. Dá para relaxar, curtir a balada ou a happy hour sem
engordar!
Quais
são os alimentos mais indicados para acompanhar a cervejinha?
Para
a cerveja descer redonda, sem parar nos pneuzinhos, vá devagar na
dose -– um copo (se não for dirigir!), no máximo dois, já está
de bom tamanho. E escolha comidinhas leves para acompanhar. A
nutricionista Adriana Kobayasi dá sugestões para diferentes
situações.
Na happy hour
• Carpaccio com alcaparra e molho de mostarda: dispense o queijo parmesão. Ele deixa o prato mais gordo. A porção (120 gramas) com torradinha e sem o queijo tem 210 calorias.
•
Isca de filé de carne acebolada: cuidado com o pão que acompanha a
porção. Três iscas com três fatias finas de pão somam 168
calorias.
•
Mussarela de búfala: tem menos gordura que o queijo parmesão e o
provolone. A porção com quatro unidades (60 gramas) tem 80
calorias.
•
Sanduíche de pão sírio com queijo branco, tomate e rúcula: peça
para vir cortado em pedaços, para comer aos poucos. Tem 290
calorias.
•
Bruschetta de pão italiano, alho, tomate e mussarela. Essa versão
tem 240 calorias. Sem a mussarela, cai para 180.
•
Bufê de petiscos: muitos barzinhos oferecem essa opção. Entre as
melhores escolhas estão azeitona, fundo de alcachofra, tremoço,
conservas sem muito azeite, minimilho, tomate seco escorrido,
champignon, queijos e frios como peru e chester. Evite: as frituras e
os embutidos gordurosos, como salame e mortadela.
Na balada
Antes
de sair de casa, forre o estômago com uma pizza falsa (duas fatias
de pão de fôrma integral assadas com mussarela, tomate e
manjericão, 287 calorias) e uma água-de-coco (66 calorias). Na
noite, beba bastante água – três copos ajudam a diluir o álcool
de uma latinha de cerveja.
No churrasco
Invista nas saladas com folhas e legumes variados. Escolha carnes mais magras, espetinho de frango e queijo coalho grelhado. Para a porção de carboidratos, opte pelo pãozinho ou pela farofa. Se quiser os dois, diminua a quantidade de ambos. Evite: carnes com gordura aparente, pele de frango, lingüiça, espetinho com bacon.
A cerveja pode fazer bem
Sim,
a cerveja é boa para o coração. Segundo estudos científicos
realizados em diferentes países, a bebida fermentada tem uma grande
quantidade de vitaminas do complexo B, além de antioxidantes –-
substâncias que ajudam a reduzir o colesterol ruim e elevar o bom.
Mas, para se obter esses benefícios, a dose deve ser moderada: uma
latinha da bebida, três vezes por semana (quatro, no máximo!).
Porém, os médicos advertem: quem tem gastrite, úlcera, diabetes,
nível de triglicérides alto, antecedentes de alcoolismo na família
ou excesso de peso não deve beber, nem mesmo moderadamente.
Beba
com moderação. E se beber não dirija!