Extrema pobreza avança: onde está e quem mais
sofre com ela.
Número de pobres no Brasil aumenta em quase 2 milhões entre 2016 e 2017. Extrema pobreza cresce de maneira ainda mais forte.
CASA DE MADEIRA EM UMA FAVELA NO RIO DE JANEIRO
O Brasil regrediu socialmente. É isso que mostram dados sobre a renda da
população divulgados na quarta-feira (5) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística). A SIS (Síntese de Indicadores Sociais) concluiu que,
de 2016 para 2017, aumentaram os números de pobres e de extremamente pobres no
Brasil.
O levantamento, baseado na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios), não é o primeiro a constatar que o Brasil se tornou mais pobre e
mais desigual nos últimos anos. Depois de a ONG Oxfam falar em estagnação, o
IBGE traz dados mais detalhados sobre a parcela da população que ganha menos.
A severa crise na economia, nas contas públicas e no mercado de trabalho
afetaram diretamente a renda do trabalhador. Os dados aqui apresentados tratam
basicamente de dois conceitos, ambos definidos pelo Banco Mundial.
- Pobreza: Pessoas que vivem com menos de US$ 5,50 por dia, cerca de R$
406 por mês.
- Extrema pobreza: Quem tem menos de US$ 1,90 por dia, cerca de R$
140 por mês.
Os valores usados pelo IBGE são os estabelecidos para países como o
Brasil. Isso porque o valor usado pelo Banco Mundial para a definição de
pobreza e extrema pobreza varia de acordo com a renda do país. Em países ricos,
por exemplo, é considerado pobre quem recebe menos de US$ 21 por dia.
A partir desse quadro principal, o Nexo apresenta os dados divididos em
duas seções. Primeiro, um retrato, que mostra o quadro geral da renda no país
em 2017, de acordo com região, etnia, idade e outras variáveis. Depois, vem o
movimento, que aponta quem são os grupos que mais perderam entre 2016 e 2017.
O Retrato
A pobreza no Brasil, proporcionalmente, está extremamente
concentrada nas regiões Norte e Nordeste. Sul, Sudeste e Centro-Oeste têm taxas
de pobreza entre 12% e 18%, enquanto as outras duas regiões apresentam taxas
acima de 40%.
O quadro se repete quando se fala de pobreza extrema, com o Norte e o
Nordeste sendo as únicas regiões com taxas de dois dígitos (11,8% e 14,7%). Já
nas outras três o número varia entre 2,9% e 3,8%.
A baixa renda afeta mais especificamente alguns grupos. Um dado
alarmante é que 43,4% das crianças entre 0 e 14 anos estão abaixo da linha de
pobreza. O relatório também mostra que essa faixa etária está mais vulnerável,
sendo a faixa etária mais privada de proteção social, condições adequadas de
moradia e saneamento básico.
Quem mais sofre
O movimento
Olhando para as mudanças entre 2016 e 2017, é possível
perceber que a pobreza até diminuiu um pouco nas regiões Norte e Centro-Oeste,
mas menos de 1% em cada, o que levou o IBGE a chamar de estabilidade. O
problema maior foi o avanço da extrema pobreza em todas as regiões.
O Centro-Oeste e o Sul viram o número de pessoas extremamente pobres
crescer, respectivamente 24% e 20%. O Centro-Oeste tinha cerca de 460 mil
pessoas em situação de extrema pobreza em 2016, em 2017 eram cerca de 570 mil.
No Sul o salto foi de 710 mil para 855 mil.
O gráfico mostra que as variações foram maiores nas regiões em que há
menos pobres proporcionalmente. Como o número é menor, cada pessoa que cai
abaixo da linha de pobreza (e extrema pobreza) tem um peso maior no avanço.
Situação parecida acontece quando se observa em que grupos a pobreza
mais avançou. Entre a população branca, a pobreza avançou mais do que entre a
preta e parda. Mesmo assim, os brancos pobres continuam sendo muito menos do
que os pretos e pardos.
O número de homens brancos pobres aumentou 7,8%, enquanto o de mulheres
pretas pobres subiu 2,68. Mesmo com o aumento, a parcela de pretas e pardas em
situação de pobreza é de 35%, enquanto de homens brancos é de menos da metade
(16,7%).
Quando o quadro é de extrema pobreza, a situação não se repete. O número
de pretos e pardos cresceu mais (11,7%), apesar de que, quando se adiciona
gênero, o grupo mulheres brancas ser o de maior avanço (14,3%).
Chama atenção o avanço da pobreza e da extrema pobreza entre pessoas com
mais de 60 anos. A pobreza entre idosos avançou 8,6%, enquanto a extrema
pobreza cresceu 23%. Mesmo assim, a parcela de idosos pobres e extremamente
pobres segue relativamente baixa, 8% e 1,7% - é a faixa etária menos afetada.
Onde mais avançou
Fonte:
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/12/05/Extrema-pobreza-avan%C3%A7a-onde-est%C3%A1-e-quem-mais-sofre-com-ela
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