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segunda-feira, 9 de abril de 2018

Resenha: A política atual e os princípios do Príncipe de Maquiavel



A maioria das pessoas não gosta de falar sobre política por acharem que se trata de um instrumento de dominação e extorsão da massa e um meio de obtenção de benefícios particulares (corrupção). Elas estão cobertas de razão.

A política sob o prisma de Maquiavel é uma arte. Arte de dominação, de disputa de força e poderes e conquistas de territórios. Ela não nega seu papel, seu objetivo sempre foi manter os domínios do governante e o seu poderio. Marco Aurélio Nogueira em sua Obra "Em Defesa da Política" diz que por sua própria natureza a política sempre está preste a se tornar um horror e a ela sempre estará associada coisas tão complicadas como interesses, ambições, poder, autoridade, força e persuasão.

Segundo Maquiavel, para se manter no poder é necessário que o governante seja amado pelo seu povo e estimado por ele. Que não é necessário possuir muitas qualidades, mas aparentar tê-las é útil.

É bom que ele se pareça piedoso, humano, íntegro, mas que saiba se converter ao oposto quando necessário. Assim é a nossa política hoje, poderíamos tomar como exemplos os candidatos reeleitos porque são estimados pelo povo, porque, de certa forma, demonstraram ser a pessoa ideal para assumir aquele governo, que defende o povo e zela por ele, muito embora seu verdadeiro objetivo seja manter-se no poder por questões que não são necessariamente políticas, podendo ser interesses totalmente pessoais ou simplesmente pelo desejo da dominação e poder.

Dessa forma que o príncipe deveria se portar, para ele não havia um motivo, um bem maior social para se manter no poder, era simplesmente pelo poder. O tipo de governante ditado por Platão, que deveria ser filósofo, pois não se importaria com seus próprios interesses não é aqui admirado por Maquiavel nem mesmo pelos nossos políticos atuais.


Para Rousseau, na obra "O príncipe" de Maquiavel, ele tentava ensinar lições ao povo e não necessariamente aos príncipes, como um objetivo de ensinar ao povo as estratégias e artimanhas políticas. Rousseau em seu Contrato Social, afirmou que "parece natural que o príncipe sempre prefira a máxima que lhe seja imediatamente útil. (...) é o que Maquiavel fez ver com evidência. Fingindo dar lições aos reis, deu-as, grandes, aos povos".

Sem dúvida, Maquiavel fez saber a todos o jogo da Política e demonstrou a necessidade do povo de se proteger dos maus governantes, facilitando o diálogo do povo com o poder.

Quando a sociedade se afasta da política e termina por votar mal, é porque não tem conhecimento da verdadeira relação que possui com seu governo. Ao desvendar isto, conhecendo melhor este jogo é possível se fazer uma análise mais ponderada a quem dará o seu voto, por exemplo. Não se pode afirmar que este será o melhor governante, porém o voto tornou-se mais consciente e sem a ingenuidade do discurso de que "todos são iguais".

Nogueira também ajuda a ver a política de outra forma, avaliando o lado positivo e negativo do poder. Traduzindo para a linguagem comum o porquê de muitas práticas políticas que sob olhos que ignoram o real sentido, parecem ilícitos.

Ainda se tenta ensinar às pessoas a política velha, da época medieval, que ditava as regras para um governo ideal, e não mostram a verdadeira política e a forma de agir dos governantes. Isto causou desgosto e distanciamento da população em relação a política, pois a ideia registrada sobre política se choca com o cenário real. Isto não quer dizer que não exista uma boa política.

Segundo Nogueira, a política com muita política está "concentrada na busca do bem comum, no aproveitamento civilizado do conflito e da diferença, na valorização do diálogo, do consenso e da comunicação, na defesa da crítica e da participação, da transparência e da integridade".

Essa política com muita política é chamada "Política dos Cidadãos", é um fenômeno de massa. Mas para que ela seja praticada é necessário que haja uma limpeza nos políticos atuantes hoje e o conhecimento da política como ela realmente é, apesar de possuir muita ou pouca política, é pressuposto para esta limpeza.

A Participação do povo é essencial e útil na medida em que ele conhece e se integra a política, pois se não continuará sendo objeto de domínio e manipulação para o benefício dos poderosos.

Resenha baseada no livro de Marco Aurélio Nogueira, Em defesa da Política.
Autora: Juliana Valente

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