A maioria
das pessoas não gosta de falar sobre política por acharem que se trata de um
instrumento de dominação e extorsão da massa e um meio de obtenção de
benefícios particulares (corrupção). Elas estão cobertas de razão.
A
política sob o prisma de Maquiavel é uma arte. Arte de dominação, de disputa de
força e poderes e conquistas de territórios. Ela não nega seu papel, seu
objetivo sempre foi manter os domínios do governante e o seu poderio. Marco
Aurélio Nogueira em sua Obra "Em Defesa da Política"
diz que por sua própria natureza a política sempre está preste a se tornar um
horror e a ela sempre estará associada coisas tão complicadas como interesses,
ambições, poder, autoridade, força e persuasão.
Segundo
Maquiavel, para se manter no poder é necessário que o governante seja amado
pelo seu povo e estimado por ele. Que não é necessário possuir muitas
qualidades, mas aparentar tê-las é útil.
É bom
que ele se pareça piedoso, humano, íntegro, mas que saiba se converter ao
oposto quando necessário. Assim é a nossa política hoje, poderíamos tomar como
exemplos os candidatos reeleitos porque são estimados pelo povo, porque, de
certa forma, demonstraram ser a pessoa ideal para assumir aquele governo, que
defende o povo e zela por ele, muito embora seu verdadeiro objetivo seja
manter-se no poder por questões que não são necessariamente políticas, podendo
ser interesses totalmente pessoais ou simplesmente pelo desejo da dominação e
poder.
Dessa
forma que o príncipe deveria se portar, para ele não havia um motivo, um bem
maior social para se manter no poder, era simplesmente pelo poder. O tipo de
governante ditado por Platão, que deveria ser filósofo, pois não se importaria
com seus próprios interesses não é aqui admirado por Maquiavel nem mesmo pelos
nossos políticos atuais.
Para
Rousseau, na obra "O príncipe"
de Maquiavel, ele tentava ensinar lições ao povo e não necessariamente aos
príncipes, como um objetivo de ensinar ao povo as estratégias e artimanhas
políticas. Rousseau em seu Contrato Social, afirmou que "parece natural que o príncipe sempre
prefira a máxima que lhe seja imediatamente útil. (...) é o que Maquiavel fez
ver com evidência. Fingindo dar lições aos reis, deu-as, grandes, aos
povos".
Sem
dúvida, Maquiavel fez saber a todos o jogo da Política e demonstrou a
necessidade do povo de se proteger dos maus governantes, facilitando o diálogo
do povo com o poder.
Quando
a sociedade se afasta da política e termina por votar mal, é porque não tem
conhecimento da verdadeira relação que possui com seu governo. Ao desvendar
isto, conhecendo melhor este jogo é possível se fazer uma análise mais
ponderada a quem dará o seu voto, por exemplo. Não se pode afirmar que este
será o melhor governante, porém o voto tornou-se mais consciente e sem a
ingenuidade do discurso de que "todos são iguais".
Nogueira
também ajuda a ver a política de outra forma, avaliando o lado positivo e
negativo do poder. Traduzindo para a linguagem comum o porquê de muitas
práticas políticas que sob olhos que ignoram o real sentido, parecem ilícitos.
Ainda
se tenta ensinar às pessoas a política velha, da época medieval, que ditava as
regras para um governo ideal, e não mostram a verdadeira política e a forma de
agir dos governantes. Isto causou desgosto e distanciamento da população em
relação a política, pois a ideia registrada sobre política se choca com o
cenário real. Isto não quer dizer que não exista uma boa política.
Segundo
Nogueira, a política com muita política está "concentrada na busca do bem comum, no aproveitamento civilizado
do conflito e da diferença, na valorização do diálogo, do consenso e da
comunicação, na defesa da crítica e da participação, da transparência e da
integridade".
Essa
política com muita política é chamada "Política dos Cidadãos", é
um fenômeno de massa. Mas para que ela seja praticada é necessário que haja uma
limpeza nos políticos atuantes hoje e o conhecimento da política como ela
realmente é, apesar de possuir muita ou pouca política, é pressuposto para esta
limpeza.
A
Participação do povo é essencial e útil na medida em que ele conhece e se
integra a política, pois se não continuará sendo objeto de domínio e
manipulação para o benefício dos poderosos.
Resenha
baseada no livro de Marco Aurélio Nogueira, Em defesa da Política.
Autora: Juliana Valente
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