Fim do 1º tempo. Meus 45 anos de boy. That’s over baby. Eu mesmo explico...
Sou tarauacaense. Nasci lá na rua Manoel
Lourenço, no bairro da Praia. Ali, naquela rua de chão batido,
adornada, aqui e acolá, com touceiras de capim, rodeadas por bostas dos
bois que ruminavam demoradamente, mastigando pra lá e pra cá, sob o
olhar atento de seus donos, eu passei a minha infância e parte da
adolescência.
Após o término das aulas na escola Omar
Sabino de Paula e mais tarde no João Ribeiro, todos os garotos daquela
geração se reuniam na rua Manoel Lourenço para brincar. De dia, sob a
luz do sol; de noite, sob a luz elétrica, gerada a lenha, que durava até
às 22h, e daí continuávamos, às vezes, até mais tarde sob a luz da lua.
Foi nesse cenário, num bairro simples e tranquilo, na periferia de
Tarauacá, que eu, Josman (irmão), Véi do Daniel, João Maciel, Birrom,
Léo, Dão, Kbym, Cairara, Chiquim Buxudo, Dentin (in memoriam), Cangati
(in memoriam), Cuxiá, Novim, Oroca, Pide (Elpidio), Tabeli, Tijibu,
Tucuxi, Nilson Gago, Gricelio, Railton, Railson e Ronilson da Dona
Panca, Laildo, Dé, Nena irmao do Zé do Gomes, Batikim, Jiricol, Ueliton
do Seu João Bode, Jean do Peixoto, Buriti, Di Brito, Valdor de Brito,
Acari, Tabeli, Pau Preto, Zé Muçuleta, Zé Puruca, Sansão, Cuca, Keku,
Doril, Príncipe, Reco, Carlin do Buliado, Rabib, Nildo do Manga (in
memorian), Nena do Manga, Correinha, André Bocão, Jarbas, Rui Pescocin,
Jânio, Tétei, Derlandio, Liu, Evaristo, Everaldo, Ed do Seu Gilau,
Totinha, Aristeu, e tantos outros os quais não lembro neste momento,
passamos os momentos mais felizes, juntos, de nossas vidas, uns na
infância, outros na adolescência, e outros mais adiante, na juventude.
As brincadeiras eram tantas: barra do
rouba, bola de gude (peteca), soltar pipa, jogar tampa, jogar pilha,
carro de rolimã, colecionar carteiras de cigarros, jogar figurinhas,
brincar de carrinho, bang bang cujas as armas eram feitas de madeira,
brincar da pira por entre as toras de madeiras ou as pélas de borracha
encostadas na beira do rio, tomar banho na igarapé da ponte em frente à
casa da Dona Quita, aproveitar o período de alagação do rio para tomar
banho e andar de casco, jogar bola no campo da Eulina, jogar vôlei em
frente à casa onde eu morava, se divertindo com os gritos do saudoso tio
Daniel e as cuiadas do meu pai Zé Neri, ouvindo atentamente as mentiras
mirabolantes do saudoso Zé Lopes, participando dos arraiais da Dona
Preta do Seu Zé Pinto (in memoriam dos 2), do Bumba meu Boi organizado
pela Dona Franscisca Gastón juntamente com o Chiquin Caboco, e tantas
outras coisas que fazíamos para nos divertir. Jogar bola na rua era a
brincadeira preferida dos garotos do meu top na infancia.
Mas, 4 homens
eram o terror para nossas brincadeira: Seu Baldo, Chiquim Resende,
Antonio Tabaco e o Zé Magro, todos comissários de menor na época, e que
se visse as crianças jogando bola no meio da rua, eles faziam de tudo
pra tomar a bola, deixando todos nós em pânico. Quando nós os
avistávamos, a correria era grande, pulando cercas e quintais, para não
sermos pegos. Eles passavam e continuávamos a jogar a nossa bola. A
infância seguia esse ritmo...
A transição para adolescência foi
marcada pela fase da vontade de namorar, desejo de “tirar a seca”, de ir
às festas no Astral, Havaí, Stillus, Chega Mais, Clube do Manel
Macaxeira (Juruá Clube) e no Clube do Tinha (The King’s), e aquelas idas
inopinadas no Cisne Bar, Koxixo’s, Café Express etc...
Aos 16 anos, decidi partir de Tarauacá
em busca uma formação secundária e universitária, e por essa razão me
divorciei da minha querida terra natal, embora eu não consiga
esquecê-la. Tarauacá está na minha essência. Eu estou na essência de
Tarauacá.
No dia em que eu decidi sair de casa,
meu pai me disse "filho não vá". Contrariando-o, me lancei no desafio de
romper e vencer muitos obstáculos na vida. Vim, venci e conquistei.
Andei por caminhos desconhecidos, mas sempre fui cauteloso nos meus
passos. Os caminhos que percorri e os desafios que enfrentei me
ensinaram uma grande lição: minha doutrina de vida é que a força que me
impele no caminho do sucesso e da realização é a força dos valores
espirituais: a fé, a coragem, a retidão, a lealdade e a perseverança.
Guio-me por esses valores com firmeza e convicção.
Hoje, acordar com 45 anos, a vida me faz
veterano. Não é muito e nem o bastante, mas o suficiente para saber que
só envelhece quem vive muitos anos. Sei que não vim para ficar, mas
peço a Deus que multiplique as noites que me fizeram repousar, e as
manhãs que até hoje foram possíveis eu acordar. Agradeço a Deus por
ter-me dado a vida por intermédio dos meus pais, e a eles por terem
feito o esforço possível para mim educar, e mostrado os bons caminhos
para que hoje eu tenha esta idade.
Chegar aos 45 anos, fim do 1º tempo, pode não fazer de mim um herói, mas me dá o direito de me considerar um campeão. Aprendi que com a simplicidade e a humildade podemos conservar sadio os nossos corações. 45 anos não é nada demais, mas vou fazer uma pausa, e viver com mais segurança, para que no próximo ano eu fale de mim um pouco mais.
Chegar aos 45 anos, fim do 1º tempo, pode não fazer de mim um herói, mas me dá o direito de me considerar um campeão. Aprendi que com a simplicidade e a humildade podemos conservar sadio os nossos corações. 45 anos não é nada demais, mas vou fazer uma pausa, e viver com mais segurança, para que no próximo ano eu fale de mim um pouco mais.
Josman Neri, Joana Paiva (Mãe), Jâmisson Neri
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