Em entrevista para o "Opera Mundi", ex-presidente falou sobre
política externa: "Total subserviência não faz bem para o Brasil nem para
Bolsonaro. Ninguém gosta de quem não se respeita".
São Paulo –
“O papel de Bolsonaro na relação com os Estados Unidos é humilhante (…) Total
subserviência. Isso não faz bem para o Brasil nem para ele mesmo. Ninguém gosta
de quem não se respeita. Ninguém gosta de lambe botas”, disse o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista divulgada hoje (23) pelo Opera Mundi.
A conversa teve foco em política externa, especialidade do portal.
No centro das
atenções, os estranhamentos entre Estados Unidos e China, em uma chamada guerra
comercial – o governo de Donald Trump vem promovendo sucessivas barreiras aos
produtos chineses. “O mundo voltou a se fechar a partir do Trump em uma guerra
fratricida”, avaliou Lula.
Para o
ex-presidente, “brigar com a China é tentar dizer que vai trabalhar para
atrasar o desenvolvimento econômico na Terra”. Isso, em um momento em que “que
temos quase 1 bilhão de pessoas passando fome, que não vivem decentemente.
Precisávamos de mais progresso, desenvolvimento e acessibilidade para as
pessoas mais pobres. Isso implicaria em mudança de comportamento dos países
ricos, coisa que não acontece”, completou.
Esse
comportamento do governo norte-americano não é exclusivo do governo Trump,
lembra Lula. Na crise econômica de 2008, desencadeada por fraudes no sistema de
financiamento imobiliário nos Estados Unidos, entre outros entraves econômicos
de pouca fé, nada se ouviu dos entes do “mercado”.
“Nunca vi o
FMI nem o Banco Mundial dando palpite. O Lehmann Brothers deu prejuízos
incalculáveis e eles nunca falam nada. Mas falam no terceiro mundo. Na
Argentina, colocaram eles em uma encralacada. Essa crise de hoje carece de
liderança política. Os Estado Unidos não estão interessados em resolver problemas”,
disse lula.
Necessidade
do inimigo
Sobre as
relações econômicas internacionais orientadas pelo petróleo, Lula lembrou que
“petróleo causou mais guerras do que paz”. No oriente médio, o novo capítulo envolve o Irã. “A guerra do
Iraque foi feita por conta do petróleo. A Petrobras descobriu bilhões de barris
de reserva no Iraque nos anos 1980. Não tinha arma química. O petróleo sempre
foi causador. Agora a mesma coisa.
Tentam jogar
a culpa no Irã de um ataque na Arábia Saudita. É a velha tática
norte-americana. Eles não conseguem trabalhar sem ter um inimigo. O inimigo
sempre é latino-americano, árabe, russo ou chinês. Tem que ter a cara. E o anjo
salvador da democracia o norte-americano”, disse.
“O inimigo
agora é o Irã. Mas quero lembrar que o Irã não é um país qualquer. É preciso
respeitar a cultura milenar, os 80 milhões de iranianos, a relação deles com a
China. É importante que se descubra de verdade quem provocou a explosão da
refinaria sem escolher um inimigo”, completou.
Lula fez um
paralelo sobre essa lógica de ter um inimigo para ter um foco de ações. Para
ele, é similar com o que aconteceu com ele. Grupos políticos de
extrema-direita, com participação de corpo politico e Judiciário, armaram
contra a soberania nacional e contra o partido de Lula, em uma trama que, para
o ex-presidente, tem como foco o pré-sal. “”Inventaram uma mentira que foi
comprada pela Globo. A partir da mentira, não tem que explicar mais nada. Vamos
criar uma convulsão de que não ganhariam do PT em eleições. Somos melhores do
que eles, fizemos mais do que eles. Então, contaram uma mentira e eu estou aqui”.
“Na hora de
publicar mentiras como verdades, tinha todo santo dia 20 minutos no JN
divulgando mentiras do Moro e do Dallagnol. Eles não queriam saber se era
verdade, não perguntavam minha posição. Agora, encontraram um argumento: não
reconhecem. Reconhecem sim. Se tem uma quadrilha organizada nesse país, é a
Lava Jato. Feita, inclusive, para roubar dinheiro. Na minha opinião o Brasil é
refém. O MP se submeteu ao departamento de Justiça dos EUA. Em razão do
interesse no pré-sal. Em um país como os EUA, é muito difícil culpar o presidente.
Acho que o ataque da Lava Jato está intimamente ligado com o objetivo que
tínhamos de transformar o pré-sal no passaporte para o futuro. Iríamos investir
em Educação, Ciência e Tecnologia, indústria de óleo, gás, naval”, finalizou.
Fonte:
https://www.redebrasilatual.com.br/politica/2019/09/lula-bolsonaro-papel-humilhante-eua/
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