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segunda-feira, 5 de maio de 2025

Creatina ajuda a combater perda muscular em celíacos.

A creatina ajuda a conter os danos causados pela má absorção dos nutrientes pelo intestino.

Um dos suplementos mais consumidos por quem pratica exercícios físicos, a creatina ajuda, principalmente, aqueles que buscam hipertrofia muscular, além de ajudar com o aumento de força, ganho de massa muscular e potencializar a resistência e a performance física durante os treinos. Mas não só para os treinos que a creatina serve. Ela pode ser muito útil às pessoas com doenças como a celíaca, sarcopenia e envelhecimento precoce, devido ao seu fator de preservação da função física. 

Segundo a diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e mestre em ciências da saúde pela Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Marcella Garcez, a creatina ajuda a preservar massa muscular, e melhora a função física.  

“Nas pessoas com distúrbios neuromusculares, como Distrofia de Duchenne, ELA e Parkinson, pode ter vários benefícios”, diz a médica, que acrescenta que vegetarianos que apresentam menores estoques endógenos e respondem muito bem a essa suplementação.

A creatina, sendo formada por três aminoácidos –a glicina, a metionina e a arginina –, consegue ser produzida naturalmente no organismo, sendo achada no fígado, mas também em alguns alimentos, como a carne vermelha, peixe e frango.



 A creatina ajuda a diminuir a perda muscular e no ganho energético (Foto: Gettyimage)

Creatina e doença celíaca

A doença celíaca atinge o intestino delgado e compromete diretamente a tolerância ao glúten — conjunto de proteínas presentes naturalmente em cereais — da pessoa. 

Garcez explica que uma das consequências dessa intolerância é a perda de massa devido à má absorção dos nutrientes pelo intestino, contudo, é justamente aí que a creatina age contendo os danos da doença. 

“Fadiga muscular e desempenho físico reduzido podem ser melhorados com creatina, independentemente da capacidade de digestão de proteínas. Embora estudos diretos em celíacos sejam escassos, a suplementação pode auxiliar na reabilitação muscular e recuperação da composição corporal, sobretudo em pacientes recém-diagnosticados com desnutrição proteico-calórica”, compartilha a especialista.

Apesar disso, ela indica o uso de outros suplementos além da creatina para os celíacos que buscam combater a perda muscular. São eles:

·  Beta-alanina, que melhora o desempenho muscular.

·  BCAAs, que ajudam na síntese proteica e previnem o catabolismo na má absorção de proteína.

·  Suplementos proteicos hipoalergênicos com proteína de arroz ou ervilha, que compensam o déficit proteicos e não contêm glúten. 

A nutróloga explica, no entanto, que esses suplementos, apesar de ajudarem a diminuir a perda muscular, não tem a mesma função energética que a creatina fornece.


Fonte:

https://iclnoticias.com.br/creatina-ajuda-a-celiacos/



A Pedagogia da Culpa: Quando o sistema acusa seus professores

 Atribuir aos docentes a responsabilidade pelas falhas educacionais é estratégia que desvia o foco das verdadeiras causas.


Por Valter Mattos da Costa*

“A cultura é algo anterior ao conhecimento, uma propensão do espírito, uma sensibilidade e um cultivo da forma que dá sentido e orientação aos conhecimentos.”(Mario Vargas Llosa). 

Quando a cultura é reduzida a números e metas, esvazia-se sua função de orientar e dar sentido à experiência do conhecimento. A sensibilidade pedagógica cede espaço à lógica fria do desempenho, e o espírito formativo da escola se perde no labirinto da cobrança e da punição. Atribuir ao professor a responsabilidade pelos fracassos do sistema é negar justamente essa dimensão cultural profunda que, como disse Vargas Llosa, antecede e sustenta o próprio saber. 

As salas de aula tornaram-se arenas onde se travam batalhas silenciosas. Não são apenas os desafios pedagógicos que pesam sobre os ombros dos professores, mas também a crescente responsabilização por resultados que escapam ao seu controle.

O discurso dominante, muitas das vezes, atribui ao professor a responsabilidade central pelas falhas educacionais, ignorando variáveis estruturais amplamente documentadas. 

Os pesquisadores Cláudio Cavalcanti, Matheus Nascimento e Fernanda Ostermann demonstram que o desempenho dos alunos está fortemente condicionado por fatores sociais e institucionais, e não exclusivamente pela atuação docente (“A falácia da culpabilização do professor pelo fracasso escolar”, Revista Thema, 2018). 

Como se não bastasse, a responsabilização recorrente recai também sobre os índices de aprovação. Muitos professores, acusados de não tornarem suas aulas suficientemente “atraentes”, são pressionados a promover seus alunos em massa, mesmo diante de evidentes déficits de aprendizagem. 

Essa prática, longe de representar um avanço educacional, atende sobretudo à necessidade de gerar estatísticas artificiais que sirvam aos interesses das gestões públicas, ocultando o fracasso estrutural do sistema sob uma aparência de eficiência. 

Ao focar exclusivamente no desempenho dos professores, desconsidera-se o impacto de fatores como infraestrutura inadequada, falta de recursos e políticas educacionais inconsistentes. Esses elementos, muitas vezes negligenciados, desempenham papel crucial na qualidade do ensino. 

A pressão por resultados imediatos leva à adoção de métricas que não refletem a realidade das escolas públicas. Avaliações padronizadas, descontextualizadas das especificidades locais, tornam-se instrumentos de julgamento, não de melhoria. 

Essa abordagem punitiva contribui para o desgaste emocional e profissional dos docentes. Sentem-se desvalorizados, desmotivados e, em muitos casos, culpabilizados por problemas que transcendem sua atuação individual. 

Além da responsabilização moral, impõe-se ao professor uma precarização material profunda: os salários indignos pagos no Brasil refletem não apenas descaso orçamentário, mas uma tentativa sistemática de deslegitimar sua autoridade e autonomia pedagógica. 

O sistema educacional brasileiro, em vez de construir uma rede de apoio e valorização aos seus profissionais, opera, frequentemente, por meio de mecanismos que isolam os docentes e deslocam a responsabilidade para a base da pirâmide. Professores acabam sendo tratados como principais responsáveis pelos resultados escolares, mesmo quando, reiterando, atuam em condições de extrema precariedade, marcadas por sobrecarga, escassez de recursos e ausência de suporte pedagógico contínuo. 

Essa inversão de responsabilidades tem sido denunciada por Nigel Brooke, pesquisador britânico em políticas educacionais, que analisa os efeitos da responsabilização docente no Brasil. Em artigo na Cadernos de Pesquisa, ele mostra como essas práticas, importadas de modelos estrangeiros, atribuem aos professores e gestores o ônus pelos maus resultados dos alunos, ignorando desigualdades sociais e limitações estruturais das redes públicas (“O futuro das políticas de responsabilização educacional no Brasil”, Cadernos de Pesquisa, 2022). 

A solução para os desafios da educação pública não reside na culpabilização dos professores, mas na construção de políticas que reconheçam e enfrentem as desigualdades estruturais. É necessário um compromisso coletivo com a valorização do magistério e a equidade educacional (um princípio que corrige as desigualdades no ensino). 

Somente ao reconhecer a complexidade do cenário educacional e ao promover ações integradas será possível avançar rumo a uma educação pública de qualidade para todos. 

 

*Professor de História, especialista em História Moderna e Contemporânea e mestre em História social, todos pela UFF, doutor em História Econômica pela USP e editor da Dissemelhanças Editora.



Fonte:

https://iclnoticias.com.br/a-pedagogia-da-culpa-quando-o-sistema-acusa-seus-professores/?utm_source=WhatsApp&utm_medium=Grupos&utm_campaign=professores