O Mito da Caverna, ou Alegoria da
Caverna, foi escrito pelo filósofo Platão e está contido em “A República”, no
livro VII. Na alegoria narra-se o diálogo de Sócrates com Glauco e Adimato. É
um dos textos mais lidos no mundo filosófico.
Platão utilizou a linguagem mítica
para mostrar o quanto os cidadãos estavam presos a certas crendices e
superstições. Veja essa história reelaborada do mito.
A história narra a vida de alguns homens
que nasceram e cresceram dentro de uma caverna e ficavam voltados para o fundo
dela. Ali contemplavam uma réstia de luz que refletia sombras no fundo da
parede. Esse era o seu mundo. Certo dia, um dos habitantes resolveu voltar-se
para o lado de fora da caverna e logo ficou cego devido à claridade da luz. E,
aos poucos, vislumbrou outro mundo com natureza, cores, “imagens” diferentes do
que estava acostumado a “ver”. Voltou para a caverna para narrar o fato aos
seus amigos, mas eles não acreditaram nele e revoltados com a “mentira” o
mataram.
Com essa alegoria, Platão divide o
mundo em duas realidades: a sensível,
que se percebe pelos sentidos, e a inteligível
(o mundo das ideias). O primeiro é o mundo da imperfeição e o segundo
encontraria toda a verdade possível para o homem.
Assim o ser humano deveria
procurar o mundo da verdade para que consiga atingir o bem maior para sua vida.
Em nossos dias, muitas são as cavernas em que nos envolvemos e pensamos ser a
realidade absoluta.
Quando aplicada em sala de aula, tal
alegoria resulta em boas reflexões. A tendência é a elaboração de reflexões
aplicadas a diversas situações do cotidiano, em que o mundo sensível (a
caverna) é comparado às situações como o uso de drogas, manipulação dos meios
de comunicação e do sistema capitalista, desrespeito aos direitos humanos, à
política, etc. Ao materializar e contextualizar o entendimento desse mito é
possível debater sobre o resgate de valores como família, amizade, direitos
humanos, solidariedade e honestidade, que podem aparecer como reflexões do
mundo ideal.
É perfeitamente possível relacionar a
filosofia platônica, sobretudo o mito da caverna, com nossa realidade atual. A
partir desta leitura, é possível fazer uma reflexão extremamente proveitosa e
resgatar valores de extrema importância para a Filosofia. Além disso, ajuda na
formulação do senso crítico e é um ótimo exercício de interpretação de texto.
A relevância e atualidade do mito não
surpreende: muitas informações denunciam a alienação humana, criam realidades paralelas
e alheias. Mas até quando alguns escolherão o fundo da caverna? Será que é uma
pré-disposição ao engano ou puro comodismo?
O Mito da Caverna é um convite
permanente à reflexão.
*Pablo
Fabiano B. Carneiro é professor de Filosofia e História Geral e do Brasil para
Ensino Médio. Coautor do livro “Coisas da Filosofia e Fatos Sociais”, Editora
Allprint
0 comentários:
Postar um comentário