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segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Sócrates: A morte de um sábio




        
A história da morte de Sócrates e de sua acusação nos foi transmitida de forma magistral através da obra de Platão (1997): Apologia de Sócrates. “Somos privilegiados por podermos ler aquela simples e corajosa (senão legendária), ‘apologia’, ou defesa, na qual o primeiro mártir da filosofia proclamou os direitos e a necessidade de livre pensamento [...]” (DURANT, 1996, p. 30).

Sócrates morreu em 399 a.C., acusado e condenado de impiedade, ateísmo (não crer nos deuses dos atenienses) e corromper a juventude: “mas, por trás de tais acusações, escondiam-se ressentimentos de vários tipos e manobras políticas” (REALE; ANTISERI, 2007, p. 93).




Ânito, Meleto e Lícon são os acusadores do processo que irá condenar Sócrates. E apesar de não constar nas acusações motivações políticas, a verdade é que Sócrates incomodava seus acusadores porque sua fala em praça pública embaraçava, incomodava e até mesmo destruía reputações de sabedoria. “As acusações de impiedade, de criação de novas divindades e de corrupção dos jovens são, no fundo, apenas cortina de fumaça: Meleto, Ânito e Lícon se mancomunam para atacar Sócrates porque tomam as dores daqueles que ele submetera ao seu interrogatório inquiridor” (GOTO, 2010, p. 118).

Condenado à morte através da Cicuta (veneno que ele deveria beber), seus discípulos e amigos mais próximos até chegaram a subordinar os guardas da prisão oferecendo à Sócrates a possibilidade de fuga, mas ele recusou. Sobre a serenidade de Sócrates diante da morte iminente, e a despeito da aflição de seus discípulos pelo seu fim próximo, assim se refere Xenofonte (Les Helléniques, 1967, II, III, 56 apud GOTO, 2010, p. 110): “há uma coisa que me parece admirável neste homem: é que em face da morte ele não perdeu nem sua presença de espírito nem seu bom humor”.

Com a morte do sábio Sócrates, Atenas “perde a oportunidade de preservar e manter consigo aquele que, muito mais do que propor uma filosofia de caráter ou conteúdo democrático, praticava a democracia na forma mesma de seu filosofar, vivendo esse filosofar como uma ação entranhadamente democrática” (GOTO, 2010, p. 122).


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